O que é Rinite Alérgica?

É definida como uma inflamação  crônica da mucosa nasal, induzida pela exposição a alérgenos que, após sensibilização, desencadeiam uma resposta inflama­tória mediada por imunoglobulina E (IgE), que  determina o aparecimento de sintomas típicos (rinorréia, obstrução, prurido e espirros).

Atualmente, a melhor denominação é Rinossinusite Alérgica, pois a inflamação nasal se estende para seios da face.

 

É uma doença frequente?

Afeta 500 milhões de pessoas. 80% apresentam sintomas antes dos 20 anos de idade. Afeta a vida social, performance escolar e produtividade no trabalho.Acarreta custos elevados.

A rinite alérgica pode ser considerada a doença de maior prevalência entre as doenças respiratórias crônicas e, apesar de não estar entre aquelas de maior gravidade, é um problema global de saúde pública, também, porque afeta a qualidade de vida dos pacientes e dificulta o controle da asma. A prevalência tem aumentado ao longo dos anos e provavelmente é subestimada, pois muitos indiví­duos não a reconhecem como uma doença e não procuram atendimento médico. Por outro lado, os profissionais de saúde freqüentemente negligenciam a rinite. Ainda assim, a rinite alérgica encontra-se entre as dez razões mais freqüentes para a procura de atendimento primário à saúde. Vinte a trinta por cento da população mundial tem rinite alérgica. Pode acontecer em qualquer idade (crianças, adultos e idosos).

Existe relação com Asma?

A rinite alérgica apresenta estreita relação com a asma e a iniciativa ARIA- Rinite Alérgica e se Impacto na Asma- mostrou que aproxima­damente 80% dos pacientes asmáticos têm rinite alérgica, cuja dificuldade de controle não só é maior que a da própria asma como também interfere no controle desta. Pode-se dizer que asma e rinite alérgica são manifestações diferentes de uma mesma entidade nosológica, já que estão associadas por aspectos epidemiológicos, fisiopatológicos e pela semelhança no tratamento, o que reforça o conceito de ‘uma única via respiratória, uma única doença’.

 

Existe relação com outras doenças?

Sim, existe também  relação com Sinusite,  Conjuntivite Alérgica, Polipose Nasal, Síndrome do Respirador Bucal, Apnéia do Sono, Infecções Respiratórias, Otite e Alterações do Comportamento. A Rinite Alérgica é a principal causa da Síndrome do Respirador Bucal.

 

Como se manifesta a Rinite Alérgica?

Os principais sintomas são: espirros repetidos, coriza líquida e transparente quase aquosa, coceira  nasal insistente (as vezes coça também os olhos, ouvidos, garganta e céu da boca), nariz entupido (obstrução nasal) e respiração bucal. O rinítico tem uma mímica característica que se chama saudação do alérgico. Ele esfrega o nariz de baixo para cima com a mão espalmada.

 

Pode se confundir rinite alérgica com gripe?

Sim. Os sintomas podem ser muito parecidos só que os mecanismos e as causas são diferentes.

 

Quais são as complicações da Rinite Alérgica?

Devido a respiração bucal, há alteração da arcada dentária (dentição protusa) podendo ocorrer deformidades torácicas, amigdalite, sinusites, otites ou faringites de repetição, aumento de cáries devido ao ressecamento da boca, alterações no olfato, paladar ou audição, aumento da adenóide (órgão de proteção), diminuição do apetite, sono agitado resultando prejuízo ao aprendizado e ao trabalho.

 

O que provoca a Rinite Alérgica?

As causas mais importantes para desencadear a Rinite Alérgica são os alérgenos: ácaros (microorganismos que vivem na poeira doméstica de colchões, travesseiros, estofados, bichos de pelúcia, tapetes, carpetes e cortinas), fungos (mofo), barata, pêlos e urina de cães e gatos, polens. Poluentes como fumaças do cigarro, dos automóveis e das indústrias e fatores ocupacionais (substâncias inaláveis em ambiente de trabalho) podem exacerbar a Rinite Alérgica.  Aspirina e outros Anti-Inflamatórios Não Esteroidais podem induzir Rinite e Asma.

 

Quais os outros tipos de Rinite?

Rinite infecciosa – causada por vírus (gripes ou resfriados) ou por bactérias (Rinossinusites Bacterianas).

 

Rinite medicamentosa – utilização por mais de cinco dias de descongestionantes tópicos levando ao edema de rebote com alteração da mucosa nasal, além da taquicardia e hipertensão arterial. O uso de drogas ilícitas como cocaína também pode levar a rinite.

 

Rinite Vasomotora – aparece devido a reação dos vasos da mucosa nasal em resposta a mudança de temperatura e umidade, odores fortes, alimentos quentes e condimentados. É raro na infância.

 

Rinite por corpo estranho – comum em crianças pequenas, presença de coriza purulenta e somente do lado que se encontra o corpo estranho (grão de feijão, conta de colar e pedaço de espuma).

Rinite Hormonal Pode ser exacerbada por Gravidez, menstruação, uso Anticoncepcional, hipotireoidismo e acromegalias

Rinite da gravidez – obstrução  nasal mais comumente durante 2º e 3º trimestre.

 

Rinite no idoso – pode iniciar na terceira idade ou iniciar desde a infância.

 

Como é feito o diagnóstico da Rinite Alérgica?

O diagnóstico da Rinite Alérgica é feito pela história clínica minunciosa e exames físico realizados pelo especialista. Os testes cutâneos ajudam a confirmar o diagnóstico. Existem outros exames complementares como citograma nasal, dosagem de IgE no sangue, Raio X de cavum, Raio X ou Tomografia Computadorizada de seios da face e Nasofibroscopia que o  especialista solicitará quando forem necessários.

 

Qual o tratamento da Rinite Alérgica?

Tratar a rinite não significa apenas dar alívio imediato aos sintomas, mas sim trabalhar para que a pessoa volte ao seu estado normal, corrigindo as conseqüências da doença. Pacientes e familiares devem conscientizar que o alérgico deverá ter um estilo de vida, evitando sempre os agentes causadores e/ou agravantes. Isto porque mesmo usando corretamente os medicamentos, o alérgico tem uma predisposição genética de voltar a ter os sintomas se os cuidados preventivos não forem permanentes. A primeira etapa do tratamento é procurar estabelecer a causa da rinite e se possível afastá-la através de medidas de controle ambiental. Este é o tratamento ideal e muitas vezes o suficiente. Como nem sempre é possível o afastamento total do alérgeno, procede-se a etapa seguinte que consiste na escolha dos medicamentos que serão utilizados para reduzir a inflamação e controlar os sintomas. Quando não há melhora estabelece-se a terceira etapa que é a utilização das vacinas de alergia também chamadas de Imunoterapia.

 

CONTROLE AMBIENTAL

  • Evitar ter em casa tapetes, carpetes, cortinas, almofadas, bichos de pelúcia e móveis estofados;
  • Revestir colchões e travesseiros com material sintético impermeável;
  • Usar colcha de algodão, pique ou ededrom. Não usar cobertores de lã ou chenile;
  • As orientações acima se aplicam as demais camas do quarto;
  • As paredes de casa deverão ter pintura lavável;
  • Limpar a casa diariamente, principalmente os quartos, com pano úmido e aspirador de pó. Não usar vassouras, panos secos e espanadores.
  • Não usar umidificadores e vaporizadores por estimularem o crescimento de ácaros e fungos.
  • Evitar animais de penas e pêlos dentro de casa.
  • Não utilizar inseticidas, espirais contra insetos, desodorantes ambientais e outras substâncias com cheiro ativo.
  • Não fumar dentro de casa e nem na presença do paciente;
  • Ter vida ao ar livre e praticar esportes.

 

O que é Sinusite ou Rinossinusite?

Representa uma inflamação dos seios da face podendo ser de natureza infecciosa (viral ou bacteriana ou fúngica) ou alérgica. Atualmente tem-se preferido o termo de Rinossinusite pois existe uma continuação da mucosa do nariz para os seios da face. Os sintomas mais comuns da sinusite são: dor de cabeça, sensação de peso facial, congestão e secreção nasal, no entanto, principalmente nas crianças a dor de cabeça pode estar ausente, sendo muitas vezes a tosse que piora a noite, o único sintoma.  A sinusite pode piorar a rinite ou provocar complicações como crise de asma, infecções oculares, pneumonias e até meningite, por isso é tão importante que seja diagnosticada e tratada adequadamente.

 

Autora: Dra. Marta de Fátima Rodrigues da Cunha Guidacci CRM: 7.600-DF

Referências Bibliográficas:

Bousquet et al., ARIA 2008 Update

Greiner AN. The Lancet 2011:378(9809):2112-22

Von Mutius E, Martinez FD 2003.

Greiner AN. The Lancet 2011:378(9809):2112-22

Braido, F et al. Curr Opin Allergy Clin Immunol 2014,14:168-176

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