Mundo da Asma – Alergo Vaccine


O
que é Asma?

A palavra asma é derivada do grego “asthma” que significa arquejante, sufocante, popularmente chamada de Bronquite Asmática ou Alérgica. É uma doença inflamatória crônica dos pulmões caracterizada por obstrução ao fluxo aéreo, geralmente reversível espontaneamente ou com tratamento.

 

Asma é pior que Bronquite?

O nome certo da Bronquite Alérgica é Asma. Na verdade, Bronquite Crônica também chamada de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) geralmente é diagnosticada naquele paciente que tem contato com fumaças (cigarro ou gases de indústrias ou fogão à lenha) por longo período de tempo.

 

É uma doença freqüente?

A Asma é uma doença de prevalência crescente, adquirindo dimensões de um problema de saúde pública. No Brasil, a prevalência varia de 15 a 20% dependendo da região e da faixa etária considerada, estando o Brasil em 8º lugar. Com base neste percentual, pode ser projetada a existência de 450.000 asmáticos em Brasília. É a doença crônica na infância mais freqüente após a desnutrição. É responsável pela terceira maior causa de  internação e gasto pelo Sistema Único de Saúde.

 

Quais são os sintomas da Asma?

O paciente geralmente apresenta tosse seca, cansaço para respirar, chiado no peito e às vezes dor no peito, febre e vômitos após tosse. Os sintomas freqüentemente pioram a noite e pela manhã.

 

Só manifesta na infância?

Pode manifestar em qualquer idade, desde o nascimento até a velhice, 85% dos pacientes iniciam a doença em idade inferior a 5 anos e mais de 50% melhoram na adolescência, mas podendo ter crises na idade adulta.

 

Quem tem Asma?

Asma tem quem pode ter e não quem quer tê-la. É uma doença genética, ou seja, já nasce com a predisposição de tê-la e se o paciente estiver em ambiente propício irá desenvolvê-la.

 

Existe cura para Asma?

Não existe cura para a asma, mas pode ser controlada com tratamento adequado resultando em melhor qualidade de vida. Estima-se que a asma desapareça na puberdade em 30 a 50% das crianças podendo ter recrudescimento na vida adulta.

 

Asma pode matar?

Infelizmente, sim. A obstrução ao fluxo aéreo pode ser tão intensa levando a morte. No Brasil, ocorrem cerca de 3.000 óbitos por ano por asma.

 

Quais são os fatores mais importantes que levam à Asma?

As causas mais importantes para crise de asma são: ácaros1 (microorganismos que vivem na poeira doméstica de colchões, travesseiros, estofados, bichos de pelúcia, tapetes, carpetes e cortinas), fungos2 (mofo), barata3, pêlos e urina de cães4 e gatos5 ,polens6 (Lolium), Infecções virais7 como Gripes e Resfriados, Infecções bacterianas com Sinusite8,  fatores irritativos com a fumaça do cigarro9, fatores ocupacionais10 (substâncias inaláveis em ambiente de trabalho), medicamentos11 (aspirina, anti-inflamatórios,anti-hipertensivos, colírios), alterações hormonais (gravidez12, anticoncepcionais orais), refluxo gastro- esofágico13(regurgitação do alimento ingerido do estômago para esôfago), fatores emocionais14, alimentos15 (raramente) e em alguns indivíduos apresentam crise com exercício físico16.

 

O que ocorre no pulmão durante a crise de asma?

 Um paciente alérgico já sensibilizado em contato com um dos fatores desencadeantes faz com que os músculos dos brônquios se contraem (broncoconstrição) a mucosa que reveste as vias aéreas incham (edema) e as glândulas que produzem o muco aumentam a sua produção, com isso há uma diminuição ao fluxo aéreo levando aos sintomas de tosse, cansaço para respirar (dispnéia) e chiado no peito (sibilos), como é um processo inflamatório o asmático pode ter febre e a tosse pode estimular os vômitos. Os sintomas geralmente pioram a noite e pela manhã. Às vezes a tosse pode ser o único sintoma.

 

A asma manifesta igualmente para todos?

 Não, a asma tem diferentes maneiras de se manifestar. As crises podem ser leves, moderadas ou graves dependendo da intensidade dos sintomas.

 

O que fazer no momento da crise de asma?

 Iniciar medicações prescritas pelo especialista, reconhecer os fatores desencadeantes da crise e afastá-los e observar os sinais de alarme.

 

O que são sinais de alarme?

São sinais que mostram que o asmático não está melhorando com a medicação prescrita e que deve procurar o pronto socorro.

 

Quais são os principais sinais de alarme?

Falta de ar importante, respiração difícil, entrecortada, ofegante, suores frios, dificuldade em falar, caminhar ou alimentar-se, tosse incessante, batimento de asa de nariz, uso da musculatura do pescoço e do peito para respirar, prejuízo do sono,  lábios e unhas rochas.

 

Como se faz o diagnóstico da Asma?

O diagnóstico de asma é feito através de uma cuidadosa história clínica e exame físico realizados por especialista, além de testes para avaliar a alergia e provas funcionais (Espirometria ou Teste de Função Pulmonar e Medida de Pico de Fluxo Expiratório). Se houver necessidade, serão solicitados outros exames complementares. Cerca de 80% dos asmáticos são alérgicos.

 

O que é Espirometria ou Teste de Função Pulmonar?

É uma prova de função pulmonar que avalia o grau de obstrução ou restrição ao fluxo aéreo.

 

Qual é a finalidade da Medida de Pico de Fluxo Expiratório?

A medida do Pico de Fluxo serve para avaliar o grau de obstrução da via aérea.

  

Qual é o tratamento?

O tratamento da asma é feito com medidas de controle ambiental, medicamentos de crises e profiláticos e em alguns pacientes podem ser indicados a imunoterapia (vacina de alergia para modular o sistema imune). O controle ambiental (veja o quadro) serve para diminuir a exposição às substâncias alergênicas e irritativas das vias aéreas. Os medicamentos da  asma são os broncodilatadores que promovem o relaxamento da musculatura brônquica e os anti-inflamatórios, que agem diminuindo o processo inflamatório das vias aéreas. Existem vários medicamentos e dispositivos inalatórios disponíveis  para o paciente asmático:

 

NEBULIZAÇÃO  X  SPRAY

 

 

*       Maior tempo para administração;

*       Requer fonte de energia;

*       Baixa adesão;

*       Risco de doses excessivas;

*       Requer manutenção e limpeza;

Usar somente em obstrução grave

*       Menor custo;

*       Compacto e portátil;

*       Múltiplas doses;

*       Disponível para maioria das drogas;

·       Maior adesão

 

Por que usar aerossol com espaçador? Valvulado?

  • Facilidade de uso;
  • ¯ Velocidade das partículas;
  • ¯ Tamanho das partículas;
  • ↑ Deposição pulmonar;
  • ¯ Deposição orofaríngea;
  • ¯ Disponibilidade sistêmica.
  • Utilizar em todas as faixas etárias

Tamanho do espaçador:

  • 250 – 350 ml para crianças menores de 20 Kg;
  • 500 – 1.000 ml para crianças maiores de 20 Kg e adultos.

Uso de máscara:

  • Máscara infantil para os menores de 3 anos de idade,
  • Máscara para adulto para qualquer paciente incapaz de vedar o bocal do espaçador com a boca (ex. pacientes psiquiátricos, idosos com inabilidade).

 

Técnicas para Uso dos Dispositivos Inalatórios:

Técnica 01: Spray + espaçador + máscara

Indicação:

  • Criança menor de 3 anos;
  • Qualquer paciente incapaz de vedar o bocal do espaçador com a boca (idosos com dificuldade, pacientes psiquiátricos,…)

Aplicação:
1. Tirar a tampa;
2. Agitar o spray;
3. Acoplar o spray ao espaçador e este à máscara;
4. Se menor de 3 anos:
– Sentar no colo da mãe e segurá-la firme;
– Colocar a máscara sobre a boca e o nariz.
– Ideal: outra pessoa aplicar o spray.
5. Se maior de 3 anos:
– Ficar em pé,
– Colocar a máscara sobre a boca e o nariz.
6. Acionar o spray;
7. Contar de 3-5 respirações ou de 10 a 20 segundos. Estimular a respirar profundamente;
8. Respirar normal  e repetir todos os passos a cada acionamento do spray;

  1. Lavar a boca após o uso do spray de corticóide.

 

 

Técnica 02: Spray + espaçador
Indicação:

  • Criança de 3 a 5 anos;
  • Criança > 5 anos ou adulto inábil a técnica 1 (ex: crise muito grave).

Aplicação:
1. Tirar a tampa;
2. Agitar o spray;
3. Acoplar o spray ao espaçador;
4. Incentivar a ficar de pé;
5. Colocar o bocal do espaçador  na boca e vedá-lo bem com os lábios;
6. Acionar o spray;
7. Incentivar a respirar lenta e profundamente e em seguida contar de 3-5 respirações ou de 10 a 20 segundos;
8. Respirar normal  e repetir todos os passos a cada acionamento do spray;

  1. Lavar a boca após o uso do spray de corticóide.

 

Técnica 03: Spray + espaçador
Indicação:

  • Criança > 5 anos;
  • Adultos

Obs: SEMPRE usar com espaçador NUNCA diretamente na boca.
Aplicação:
1. Tirar a tampa;
2. Agitar o spray;
3. Acoplar o spray ao espaçador;
4. Incentivar a ficar de pé;
5. Soltar o ar dos pulmões;
6. Colocar o bocal do espaçador na boca e vedá-lo bem com os lábios e fechar o nariz;
7. Acionar o spray;
8. Encher o peito de ar e prender a respiração por 10 segundos;
9. Respirar normal  e repetir todos os passos a cada acionamento do spray;

  1. Lavar a boca após o uso do spray de corticóide.

 

Aerolizer:

  1. Tirar a tampa e girar o dispositivo para abrí-lo; 6. Colocar o dispositivo na boca;
    2. Colocar a cápsula no local apropriado; 7. Aspirar o medicamento;
    3. Fechar o dispositivo;                                     8. Prender a respiração por cerca de 10 segundos;
    4. Apertar os botões  para furar a cápsula;.                9. Respirar normalmente e
  2. Soltar o ar dos pulmões (Expirar); 10. Lavar a boca após o uso do corticóide.

 

Turbuhaler:
1. Tirar a tampa  ;                                             5. Aspirar o medicamento;

  1. Girar o dispositivo até ouvir o “click”; 6. Prender a respiração por cerca de 10 segundos;
    3. Soltar o ar dos pulmões; 7. Respirar normalmente e
  2. Colocar o dispositivo na boca; 8. Lavar a boca após o uso do corticóide.

Obs: A primeira vez que usar o frasco da medicação em turbuhaler, deverá girar a base por 3 vezes (ouvir 3 “clicks”),  a segunda vez em diante somente 1”click”.

 

Ellipta

  1. Quando você retirar o inalador Ellipta® da caixa, ele estará na posição fechada.
  2. Só abra a tampa do inalador Ellipta® quando estiver pronto para tomar uma dose. Não agite o inalador Ellipta®
  3. Deslize a tampa para baixo até ouvir um “clique”.
  4. O medicamento está pronto para ser inalado e o contador de dose regride um número para confirmar.
  5. Se o contador de dose não realizar a contagem regressiva ao se ouvir o clique, o inalador Ellipta® não liberará o medicamento.
  6. Sente-se ou fique de pé em posição confortável.
  7. Segurando o inalador longe da boca, expire confortavelmente o máximo que puder. Não expire sobre o inalador.
  8. Coloque o bocal entre seus lábios e feche-os firmemente ao redor dele.
  9. Não bloqueie a entrada de ar com os dedos.
  10. Faça uma inspiração longa, constante e profunda. Segure esta inspiração por pelo menos 3-4 segundos.
  11. Remova o inalador Ellipta® da boca.
  12. Expire lenta e suavemente.
  13. Se quiser limpar o bocal, utilize um pano seco antes de fechar a tampa.
  14. Deslize a tampa para cima até fechar o bocal.
  15. Lave a boca com água sem engolir, depois de usar o inalador.

 

Como fazer a limpeza do ESPAÇADOR em casa?

  • Colocar numa bacia com água alguns fios de detergente neutro (de lavar louça);
  • Em seguida, mergulhar o espaçador nesta solução;
  • Enxaguar e colocar para secar no escorredor de pratos;
  • Guardar num saco de plástico limpo;
  • Lavar novamente após uma semana.

 

Como saber se o spray tem medicação?

Se o spray flutuar, só tem gás propelente, ou seja, não tem medicação, está vazio

Se o spray ficar inclinado, provavelmente tem metade da medicação

Se o spray depositar no fundo da bacia com água, está cheio

 

Existem muitos mitos na asma, como:

MITOS VERDADES
Tartaruga em baixo da cama, óleo de copaíba e banho frio  curam a asma;  Sem comprovação científica.
As “bombinhas” fazem mal para o coração, viciam e podem até matar. O tratamento inalatório é o ideal atuando diretamente nos pulmões. Seu efeito é mais rápido, as doses necessárias são menores e os efeitos colaterais são mais discretos que medicamentos usados por via oral. Sempre deverão ser usadas corretamente conforme orientação médica, evitando os abusos.
A asmática deve evitar engravidar e se engravidar não pode usar medicações  para tratar a asma. Na gravidez, a asma pode melhorar, piorar ou manter-se inalterada. Deverá ser acompanhada, e se houver crise deverá ser tratada adequadamente, pois pior que os possíveis  efeitos colaterais das medicações é a falta de oxigênio para o bebê.

 

O asmático não pode praticar esportes  Ele não só pode, como deve participar de atividades físicas regulares para melhorar sua capacidade respiratória, correção postural, diminuição do número de crises, melhora na qualidade de vida e maior sociabilização.

 

 

Brasília é realmente uma “Asmalândia”?

Muitas pessoas acham que Brasília por ser seco, seria uma cidade dos Asmáticos Na verdade de agosto a setembro, período que se registram baixas umidades onde observamos menor freqüência de crises de Asma. Nas estações de outono e inverno, como em qualquer parte do mundo, que temos maior número de infecções virais que podem complicar com infecções bacterianas e crises de Asma, idas a Emergências e internações por Asma.

O asmático bem orientado apresenta menos crises de asma e pode levar uma vida normal, pode ir ao parquinho, chupar picolés e entrar na piscina.

 

CONTROLE AMBIENTAL

  • Evitar ter em casa tapetes, carpetes, cortinas, almofadas, bichos de pelúcia e móveis estofados;
  • Revestir colchões e travesseiros com material sintético impermeável;
  • Usar colcha de algodão, pique ou ededrom. Não usar cobertores de lã ou chenile;
  • As orientações acima se aplicam as demais camas do quarto;
  • As paredes de casa deverão ter pintura lavável;
  • Limpar a casa diariamente, principalmente os quartos, com pano úmido e aspirador de pó. Não usar vassouras, panos secos e espanadores.
  • Não usar umidificadores e vaporizadores por estimularem o crescimento de ácaros e fungos.
  • Evitar animais de penas e pêlos dentro de casa.
  • Não utilizar inseticidas, espirais contra insetos, desodorantes ambientais e outras substâncias com cheiro ativo.
  • Não fumar dentro de casa e nem na presença do paciente;
  • Ter vida ao ar livre e praticar esportes.

 

Autoria: RT Marta de Fátima Rodrigues da Cunha Guidacci

Referências Bibliográficas:

Guidacci, MFRC; Mendes, JL e cols, Asma- Atualização e Reciclagem  para Médicos, Apoio Nycomed/ Takeda , 2011

Guidacci, MFRC; Mendes, JL e cols, Asma- Atualização e Reciclagem  para  Enfermeiros, Auxiliares e Técnicos de Enfermagem e Agentes Comunitários Apoio Nycomed/ Takeda , 2011

Fiks,IN Asma Superando mitos e medos Editora Claridade, 2004

Bulas das medicações inalatórias

Imagens disponíveis no Google