PLANO ESTRATÉGICO DE VACINAÇÃO CONTRA FEBRE AMARELA – Ministério da Saúde
Pontos de maior relevância
1. Critérios para a vacinação contra a febre amarela com uso de dose padrão e de dose fracionada. A adoção dessa medida tem caráter temporário e será implantada em áreas previamente selecionadas, para evitar a circulação e expansão do vírus da doença.
2. A estratégia é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em casos de extensão da febre amarela silvestre de forma intensa, aumentando o risco da expansão da doença em cidades com elevado contingente populacional, exigindo a realização de intensificação vacinal em curto prazo de tempo, com ampla divulgação nas localidades selecionadas, em estratégia de campanha, não sendo recomendado o seu uso nas rotinas dos serviços de saúde.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), revisou evidências existentes que demonstraram que o uso de dose fracionada (1:5, definida como 0,1mL) da vacina da febre amarela proporciona proteção contra a doença similar à observada com o uso da dose plena padrão ( 0,5mL). Estudos realizados por Bio-Manguinhos/Fiocruz aponta a presença de anticorpos contra febre amarela, após 8 anos, semelhante ao observado com a dose padrão neste mesmo período. Estudos em andamento continuarão a avaliar a proteção posterior a esse período.
Na revisão de estudos sobre a utilização da dose fracionada, a OMS constatou não haver inferioridade na resposta imune.
3. Localidades onde será realizada a campanha de vacinação utilizando a dose padrão e a fracionada: Determinados municípios dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia. Período da Campanha:
- São Paulo: 03 a 24 de fevereiro (dia D – dias 3/02 e 24/02)
- Bahia e Rio de Janeiro: 19 de fevereiro a 09 de março (dia D – 24/02).
4. Indicação da população que irá receber a dose padrão:
- Crianças de 9 meses a menores de 2 anos de idade.
- Gestantes que residem nas áreas do Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia que irão participar da campanha. A vacinação das gestantes deverá ocorrer apenas em locais com evidência de circulação viral, avaliando o risco benefício pelos serviços de saúde.
- Viajante internacional que necessite a emissão do Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia (CIVP). Deverá ser apresentado no ato da vacinação, comprovante de viagem para o local que exige o CIVP para entrada no país.
- Pessoas que apresentarem as seguintes condições clínicas especiais deverão ser avaliadas pelo serviço de saúde para fazer uso da vacina, com a dose padrão:
- Pessoas com exame HIV positivo, assintomáticas e que apresentem o LT-CD4 ≥ 350 células/mm3. Poderá ser utilizado o último exame de LT-CD4 (independentemente da data), desde que a carga viral atual (menos de seis meses) se mantenha indetectável.
- Pessoas após término de tratamento com quimioterapia (venosa ou oral) e sem previsão de novo ciclo: administrar a vacina após três meses do término da quimioterapia; pessoas que fizeram uso de medicamento anti-célula B e Fludarabina, aguardar seis meses de intervalo;
- Pessoas submetidas à transplante de células tronco hematopoiéticas: administrar a vacina a partir de 24 meses após o transplante, se não houver doença do enxerto versus hospedeiro e/ou recaída da doença de base e/ou uso de imunossupressor;
- Síndrome Mieloproliferativa Crônica: administrar a vacina se padrão laboratorial estável e neutrófilos acima de 1500 céls/mm³;
- Sindrome Linfoproliferativa: administrar a vacina três meses após o término da quimioterapia (exceto no caso de uso de medicamento anti-célula B, quando o intervalo dever ser de seis meses);
- Doenças hematológicas:
- Hemofilia e doenças hemorrágicas hereditárias: administrar a vacina conforme orientação do Calendário Nacional de Vacinação. Recomenda-se o uso de gelo antes e depois da aplicação da vacina;
- Doença Falciforme: sem uso de hidroxiureia: administrar a vacina conforme o Calendário Nacional de Vacinação; em uso de hidroxiureia: administrar a vacina somente se contagem de neutrófilos acima de 1500 céls/mm³.
- Pessoas em uso contínuo do medicamento ácido acetil salecílico (AAS), devido ao risco de plaquetopenia, deverão ter avalição médica prévia a vacinação a fim de se verificar a necessidade de suspensão do medicamento antes e/ou após a mesma.
5. Orientações para vacinação com dose padrão:
Situações |
Orientações |
Criança com 9 meses a menores de 2 anos de idade, não vacinada. | Administrar uma dose. |
Criança com 9 meses a menores de 2 anos de idade, vacinada. | Não administrar nenhuma dose. Considerar vacinada. |
Gestante não vacinada, residentes em área COM transmissão ativa da febre amarela. | Administrar uma dose. |
Gestante não vacinada, residentes em área SEM transmissão ativa da febre amarela. | Não administrar nenhuma dose. |
Gestante vacinada. | Não administrar nenhuma dose. Considerar vacinada. |
Viajante internacional que necessite a emissão do Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia (CIVP), não vacinado | Administrar uma dose, pelo menos 10 dias antes da viagem.
Atenção: alguns países só aceitam a vacinação com pelo menos 10 dias antes da viagem, mesmo com a emissão do CIVP anterior a esse prazo. |
Viajante internacional que necessite a emissão do Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia (CIVP), vacinado, | Não administrar nenhuma dose. Emitir o CIVP. |
Pessoas com condições clínicas especiais listadas no item 10, não vacinadas, após avaliação do serviço de saúde. | Administrar uma dose. |
Pessoas com condições clínicas especiais listadas no item 10, vacinadas. | Não administrar nenhuma dose. Considerar vacinada. |
Fonte: CGPNI
Observação: será considerada a pessoa vacinada, aquela que tiver comprovação de vacinação, com uma dose ao longo da vida.
6. Indicação da população que irá receber a dose fracionada:
- Pessoas a partir de 02 anos de idade, inclusive idosos e indígenas, desde que não apresentem condições clínicas especiais já listadas no item 10.
Orientações para vacinação com dose fracionada
Situações |
Orientações |
Pessoa de 2 anos a 59 anos de idade, não vacinada | Administrar uma dose. |
Pessoa de 2 a 59 anos de idade, vacinada. | Não administrar nenhuma dose. Considerar vacinada. |
Mulher não vacinada, residentes em área COM transmissão ativa da febre amarela e que estiver amamentando criança menor de 6 meses de idade. | Administrar uma dose e suspender o aleitamento materno por 10 dias após a vacinação.
Procurar um serviço de saúde para orientação e acompanhamento a fim de manter a produção do leite materno e garantir o retorno à lactação |
Mulher não vacinada, residentes em área SEM transmissão ativa da febre amarela, que estiver amamentando criança menor de 6 meses de idade. | Não administrar nenhuma dose. A vacinação deverá ser postergada até a criança completar 6 meses de idade. |
Mulher não vacinada, que estiver amamentando criança maior de 6 meses de idade. | Administrar uma dose. |
Mulher que está amamentando vacinada, independente da idade da criança. | Não administrar nenhuma dose. Considerar vacinada. |
Pessoas acima de 60 anos de idade que não apresentem as condições clínicas especiais listadas no item 8 ou contraindicações, não vacinada ou sem comprovante de vacinação. | É fundamental a avaliação do serviço de saúde para certificar o benefício/risco da vacinação, levando em conta os riscos da doença, comorbidades e eventos adversos nessa faixa etária.
Dependendo da avaliação, administrar uma dose. |
Pessoas acima de 60 anos de idade, vacinadas. | Não administrar nenhuma dose. Considerar vacinada. |
Fonte: CGPNI
7- Pessoas doadoras de sangue
Doação de sangue só poderá ser feita após 28 dias do recebimento da vacina.
8- Mulheres em idade fértil vacinadas devem evitar a gravidez até 30 dias após a vacinação.
9- Indivíduos com mais de 60 anos de idade, pelo maior risco de eventos adversos graves nessa faixa etária, devem ser avaliados individualmente em relação ao risco de adoecimento.
10- Indivíduos com história de reação alérgica grave ao ovo e a gelatina, podem receber a vacina após avaliação médica e em ambiente com condições de atendimento de urgência/emergência.
11- Medidas de proteção dos indivíduos vacinados no período de 10 dias após a vacinação ou com contraindicação para vacinação
Considerando que a imunidade ocorre cerca de 10 dias após a administração da vacina e que há indivíduos com contraindicações para vacinação, recomenda-se que outras medidas de proteção individual sejam adotadas.
- Usar repelente de insetos de acordo com as indicações do produto. O repelente natural não tem eficácia comprovada e não é recomendado.
- Proteger a maior extensão possível de pele através do uso de calça comprida, blusas de mangas compridas e sem decotes, de preferência largas, não coladas ao corpo, meias e sapatos fechados. O uso de roupas claras facilita a identificação de mosquitos e permite que eles sejam mortos antes de picarem o indivíduo;
- Após as orientações do risco iminente da doença, evitar na medida do possível o deslocamento para áreas rurais e, principalmente, adentrar em matas, seja a trabalho ou turismo;
- Passar o maior tempo possível em ambientes refrigerados, com portas e janelas fechadas e/ou protegidas por telas com trama adequada para impedir a entrada de mosquitos;
- Dormir sob mosquiteiros corretamente arrumados para não permitir a entrada de mosquitos (abas de abertura sobrepostas e barras inferiores embaixo do colchão); preferencialmente, dormir debaixo de mosquiteiros impregnados com permetrina;
- Usar repelentes ambientais (sprays, pastilhas e líquidos em equipamentos elétricos) durante todo o tempo em que estiverem em ambientes domiciliares ou de trabalho, inclusive à noite;
- Crianças menores de 6 meses de idade, não podem receber a vacina e nem usar repelentes de aplicação direta na pele, devendo ser mantidas o tempo todo sob mosquiteiros e/ou em ambiente protegido (refrigerado com portas e janelas fechadas ou protegidas por tela, com repelentes ambientais).
Dra Marta de Fátima Rodrigues da Cunha Guidacci CRM:7.600-DF
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